domingo, 23 de novembro de 2008

O JEITO TUCANO DE GOVERNAR


Quinta-feira, 20 de Novembro de 2008


Hospital Municipal São José agoniza sem nenhuma assistência
"O prefeito Tebaldi vai pra cadeia e eu também".

Ary Giovanni Santangelo, Diretoe do Hospital São José

Rogério Giessel

O governo do prefeito Marco Antonio Tebaldi (PSDB) está prestes a apagar as luzes de sua gestão, porém, surpresas desagradáveis poderão surgir quando o prefeito eleito Carlito Merss assumir as rédeas da administração municipal no dia 1º de janeiro. Provavelmente, a pior avalanche virá rolando do Hospital Municipal São José e cairá como um imenso abacaxi no colo do novo prefeito. Em duas entrevistas exclusivas para essa Gazeta, uma no dia 7, e outra no dia 12 desse mês, o diretor do hospital, o odontólogo Ary Giovanni Santangelo, deixou de lado as tradicionais maquiagens e descreveu a real situação do São José. Além de uma dívida milionária, o principal hospital da cidade está com a maioria dos equipamentos quebrados por falta de manutenção. O credenciamento de transplantes também está seriamente comprometido em virtude de problemas com a Vigilância Sanitária. Materiais básicos como esparadrapos, agulhas e sondas já estão começando a faltar. “O sistema está problemático, economicamente o hospital está se tornando inviável.”, alertou Ary. E, como se não bastasse, o moribundo São José ainda tem que abrigar indicados políticos em cargos estratégicos, o que pode comprometer ainda mais seu precário funcionamento.

Uma dívida milionária

Somente com fornecedores, o hospital tem hoje uma dívida de quase R$ 10 milhões e que deve aumentar significativamente com o passar dos meses. Ary explica que o Hospital São José não vem recebendo da Secretaria Municipal de Saúde os recursos integrais pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) referentes aos serviços prestados.

O diretor cita como exemplo o mês de setembro, quando o hospital faturou R$ 3,3 milhões e recebeu apenas R$ 1,9 milhão da Secretaria Municipal de Saúde. “O valor de R$ 3,3 milhões foi pago pelo SUS para a Secretaria de Saúde, e esse dinheiro o Hospital São José precisa, porque os encargos com a folha são de responsabilidade do hospital. Em outubro, a folha do hospital custou R$ 3,27 milhões e o hospital recebeu R$ 2,27 milhões. Eu vou ter que tirar R$ 1 milhão do SUS para pagar os encargos, pró-labore, sobre aviso e plantões.”

De acordo com Santangelo, somente em 2008, o hospital perdeu R$ 6 milhões do SUS. “A Secretaria Municipal recebeu esse dinheiro que equivale ao faturamento do hospital. O SUS paga, e quem administra é a secretaria. É aí que está o problema.”, lamenta. Ary Santangelo.

Próximo governo encontrará hospital quebrado

O diretor alerta também para o descaso com os equipamentos. “Hoje nós estamos sem cautério na sala cirúrgica, sem eletrocardiograma, que é o mais simples dos equipamentos, sem endoscópio para endoscopia digestiva, sem artroscópio e sem colonoscópio. Falta também um outro equipamento respiratório utilizado pelos pneumologistas que eu não me recordo o nome.” Mas a lista do descaso não para por aí. O hospital está sem eletrocardiógrafo e nas salas cirúrgicas falta cautério e bisturis eletrônicos. Equipamentos mais complexos, como o tomógrafo, também não estão funcionando. O motivo da quebradeira é a ausência de manutenção revelou o diretor. A situação se torna crítica pelo fato de o hospital não possuir nenhum equipamento extra. Materiais básicos como agulhas, sondas uretrais, cânulas de aspiração e até esparadrapo estão começando a faltar. “Eu já estou tendo problema com esse tipo de material, e eles são muito utilizados na UTI e nas cirurgias. Isso tá causando um grande problema.”

RECURSOS MALGERIDOS

Ele atribui essas deficiências à falha na administração dos recursos. O diretor alega que o obstáculo na manutenção e na aquisição de materiais existe também em função de uma determinação do prefeito, que não quer que se faça empenho e nem licitações por causa da transição de governo. Essa ordem soa no mínimo estranha, já que o Executivo enviou a Câmara de Vereadores, um projeto de lei complementar que cria níveis e altera tabelas de salários dos servidores. O impacto financeiro deste projeto é de R$ 855 mil para este ano e para 2009 de aproximadamente R$ 5 milhões.

Hoje, o responsável pela administração dos recursos do hospital São José, é o diretor-executivo Osmar Arcanjo de Oliveira. Sobre ele, Ary deixou escapar o clima que impera no hospital pós-eleições. “Agora com o resultado da eleição, da derrota definitiva do Darci, esse menino (Osmar Arcanjo) mudou do preto para o branco. Você tem que ver como ele está desesperado.” E adianta, “Ele não vai conseguir fechar o balanço esse ano. O prefeito vai pra cadeia e eu também.”, relata Ary. Sobre sua responsabilidade em relação ao estado do hospital, Ary admite: “Eu fatalmente vou ser penalizado porque eu não consegui fazer com que meu subordinado fizesse o serviço correto. A culpa vai ser minha, eles sabem disso. A assinatura deles junto com a minha não vale nada, só a minha é que é responsável.”

Transplantes podem ficar comprometidos

O São José também corre o risco de perder o credenciamento do SUS para transplantes de fígado. Desde o credenciamento, o hospital ainda não realizou nenhum. O diretor destacou que se até o final de 2008 não for realizado o procedimento o descredenciamento será inevitável. . “Eu tenho que fazer ainda esse ano um transplante de fígado, nem que seja na marra. Porque o hospital pode perder a credencial deste tipo de transplante. Isso porque está faltando um material líquido que custa R$ 15 mil”. O São José também está sob fiscalização da Vigilância Sanitária, que diagnosticou cem irregularidades que necessitam serem revistas. “Sem revermos todas essas situações nós não vamos conseguir o alvará, e se não conseguirmos o alvará, perdemos todas as nossas credenciais de transplante. É um risco muito grande”, alertou Santangelo.

Saem técnicos, entram apadrinhados

Ary Santangelo diz que varias exonerações estão sendo solicitadas. “As exonerações que estão sendo feitas são de cargos políticos. Eu não aceitei e não posso aceitar cargos técnicos sendo usados para cargos políticos.” O diretor também afirma que os pedidos de exoneração partiram da prefeitura, e que quando tomou conhecimento de uma lista apresentada pelo Osmar Arcanjo ligou pra o chefe de gabinete do prefeito, Carlos Roberto Caetano, do qual, ouviu a seguinte resposta. “Estão exonerados”. Restou a Ary solicitar a oficialização do pedido a Caetano. “Eu disse : Tá bom, você me manda por fax isso.”

Equipamentos perdidos

Os equipamentos da unidade de queimados e os equipamentos para a UTI que seriam fornecidos pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) foram perdidos por falta de interesse do município. “A ficha técnica foi feita em janeiro, só que Brasília alegou falta de interesse de nossa parte em continuarmos o projeto atualizando os dados e complementando os documentos. Nós ficamos sem essa parte.”, revelou Ary. Esses equipamentos custariam R$ 2,72 milhões. Outra situação grave é na construção da casamata, do setor oncológico – para que seja instalado o acelerador linear – que foi orçada em R$ 1,3 milhão. O estado entrou com R$ 700 mil mas a falta da contrapartida da prefeitura impediu o projeto original. “Agora é que a prefeitura complementou. Na verdade, ela não complementou, ela reduziu o projeto. O projeto inicial era o dobro do tamanho do que vai ser construído. Ary Santangelo também revela que um outro equipamento deixou de ser adquirido. “Eram dois equipamentos, um era o acelerador linear propriamente dito e o outro era o de braquiterapia, que é usado no tratamento do câncer ginecológico. Nesse caso, com o equipamento que nós possuímos, a mulher fica exposta à radiação durante 36 horas ininterruptas, deitada sem poder se mover, enquanto que com o equipamento que nós perdemos ela ficaria apenas 10 minutos”, explicou.
Comentário.
Foi este tuacno safado que foi condenado, pela Justiça Estadual, por ter construído um ginásio com o formato de um tucano, conforme desenho ai em cima.

É ASSIM QUE SERRA TRATA A SAÚDE

Serra diz que ser médico do HC não é bom negócio

Para o médico Davi de Lacerda, conselho do governador reflete descaso com rede pública


O governador de São Paulo, através de seu secretário de Comunicação, reagiu raivosamente ao relato do médico Davi de Lacerda, em artigo no jornal “Folha de S. Paulo”, sobre seu encontro com Serra no coquetel que se seguiu à apresentação de um balé.

O médico havia escrito que “contei ao governador que sou médico, que fiz graduação na USP, pesquisas em Harvard, residência em dermatologia no hospital Johns Hopkins (EUA) e especialização em cirurgia dermatológica em Paris. Contei também que há cinco dias fora contratado como médico concursado do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Ele sorriu e me deu parabéns. Ao agradecê-los, muito constrangido, informei-o de meu espanto ao descobrir que o salário-base para o médico do HC era de R$ 414 mensais para uma carga horária de 20 horas semanais. O governador buscou me consolar dizendo que eu não ganharia só isso. Respondi que estava ciente das gratificações e que, mesmo assim, meu salário bruto seria de R$ 1.500. Informei-o ainda de que o custo para manter meu consultório fechado durante as horas em que estarei no HC é o triplo do valor que receberei do Estado. Àquela altura, quando já não mais sorríamos, pedi sua opinião. O governador me aconselhou a deixar o HC, dizendo que o HC não é um bom negócio para mim” (grifo nosso).

Diante desse conselho, dado por alguém que fazia propaganda de que havia sido “o melhor ministro da Saúde do mundo” e que é o responsável pela instituição pública em que trabalha, Davi de Lacerda comentou que “seu conteúdo [do conselho de Serra] reflete o descaso do Estado com os médicos da rede pública de saúde e com o futuro de uma instituição cujas contribuições assistenciais e para a pesquisa e educação médica são inigualáveis em todo o território nacional. A maioria dos médicos concursados do HC (….) se distinguem pela admirável formação acadêmica e excelência dentro de suas especialidades. Quase todos são profissionais humanitários, muito trabalhadores e que se dedicam aos seus pacientes de forma exemplar. Grande parte deles detém habilidades e notório saber valorizados além das fronteiras da instituição e do país. Quase nunca fazem greve e freqüentemente acumulam tarefas para que o hospital funcione. Muitos fazem pesquisas inovadoras, publicam artigos científicos e constantemente levam trabalho para casa. São médicos tão apaixonados pelo que fazem que não se deram conta de que poderiam entrar em um péssimo negócio. Com tantas qualidades, seria esperado que os médicos do HC fossem pelo menos remunerados adequadamente”.

A carta do secretário de comunicação de Serra ao jornal, depois de confirmar a conversa, diz que o médico é “gabola”, “mentiroso”, “exibicionista”, “falso” e “desinformado”. Além de dizer que ele “mentiu” em relação ao salário, que seria de R$ 1.946,00, e que ele “subestimou em cerca de 10 vezes o salário horário que recebe”, diz que o médico quis “desmerecer o trabalho médico no Hospital das Clínicas de São Paulo” e que teria afirmado que “somente os néscios ali permanecem”.

Sobre as duas últimas imputações, como se pode comprovar pelo texto que transcrevemos, o mentiroso é o preposto que respondeu por Serra. Sobre o salário, o médico Davi de Lacerda, também em carta ao jornal, esclareceu que “o salário-base que consta da minha carteira de trabalho é de R$ 414,30. Lá também constam as gratificações, que somam R$ 1.169,75. Jamais fui informado de que ganharia R$ 1.946, o que não mudaria significativamente a situação. Esperava que o governador fosse sensibilizado pelos baixos salários pagos aos médicos do HC. O seu conselho não me agradou e não tenho intenção de segui-lo, mas continuo esperando que os médicos do Estado sejam respeitados e remunerados dignamente”.

Médicos do HC confirmaram as informações do Dr. Davi de Lacerda.
Fonte:Jornal Hora do Povo.

sábado, 22 de novembro de 2008

VERÔNICA DANTAS X VERÔNICA SERRA:TUDO A VER

08/08/2008

Negócios, negócios, Brasil à parte
Dinheiro de subornos sempre foi de Daniel Dantas

A irmã de Daniel negociava com a filha de Serra que negociava com o filho de FHC

O suposto professor universitário Hugo Chicaroni, preso pela Polícia Federal sob a acusação de ter participado da tentativa de suborno de um delegado para beneficiar o banqueiro Daniel Dantas, disse ontem em juízo que parte do dinheiro apreendido na casa dele, R$ 865 mil, era do banco Opportunity e seria usado para pagar a propina ao policial.

Chicaroni afirmou que tudo começou quando foi procurado por emissários de Dantas, que sabiam da "amizade dele, de mais de sete anos", com Protógenes. Soube que o banqueiro estava preocupado com uma investigação do delegado. E foi na condição de "amigo" que disse ter apresentado Braz ao policial, a quem acusou de "traição".

Chicaroni diz que nos encontros não foi oferecido dinheiro e que o pedido veio do delegado Victor Hugo Ferreira, que trabalhava com Protógenes - a PF tinha autorização para simular a negociação, que foi filmada. A PF diz que a proposta partiu do grupo ligado a Dantas.

Braz e Chicaroni são os únicos que continuam presos. Dantas teve duas vezes a prisão decretada. As duas foram cassadas pelo presidente do STF, Gilmar Mendes >>>

Com o preso ioiô da justiça, Daniel Dantas, foram soltos os comparsas: Naji Nahas

o chacal da Bolsa, o anjo negro de Paulo Maluf, Celso Pita, e a irmã de Daniel Dantas

sócia da filha do governador José Serra.

que era sócia do filho de Fernando Henrique.

O CHEFE MANDOU

14/11/2008


Serra pede e Kassab deixa Matarazzo na Prefeitura

Secretário e Feldman querem espaço para viabilizar futuras candidaturas




Diego Zanchetta - O Estado SP

O secretário municipal de Coordenação de Subprefeituras, Andrea Matarazzo, de 52 anos, deve permanecer à frente da pasta na segunda gestão de Gilberto Kassab (DEM). A continuidade do secretário foi um pedido do governador José Serra (PSDB) ao prefeito, que antes estudava colocar no cargo um político do seu partido ou o secretário municipal de Esportes, Walter Feldmann, que já foi o titular da pasta.

Tanto Feldmann quanto Matarazzo, ambos tucanos, alimentam o sonho de viabilizar suas candidaturas ao Executivo em 2012. Para pavimentar o caminho rumo à Prefeitura, a Subprefeituras é vista como “jóia da coroa” pelos tucanos. É nesta secretaria, turbinada em 2009 com verba de R$ 1,17 bilhão, que será desenvolvido o projeto considerado vitrine do segundo mandato kassabista: o Nova Luz, plano de revitalização da região central.

A subprefeitos aliados, Matarazzo teria comentado que sua família, responsável por erguer um império de indústrias em São Paulo no século passado, merecia ter um integrante como governante da cidade. Procurado nos últimos dois dias, o secretário não quis se manifestar. A assessoria de Andrea informou que ele nunca falou em ser prefeito.

Kassab confirmou à reportagem que Matarazzo segue no cargo em 2009. O bom trânsito do secretário das Subprefeituras entre o empresariado paulistano e na mídia também pesou na decisão da permanência. Alguns assessores do Executivo ainda avaliam que o potencial político de Matarazzo foi demonstrado com os 79.912 votos obtidos pela vereadora Mara Gabrilli, a quinta mais votada. O secretário foi um dos principais articuladores da campanha da parlamentar, reeleita pela primeira vez.

As mudanças nas subprefeituras com indicações de Matarazzo, contudo, devem ser ratificadas até o fim do ano nas regiões de Ipiranga, Vila Mariana e Cidade Tiradentes. A intenção do governo é trocar subprefeitos tucanos que apoiaram o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) por políticos do próprio DEM.

SONHO

Já Feldmann admitiu alimentar o sonho de ser prefeito e disse ter certeza de que Matarazzo tem o mesmo desejo. O tucano caiu nas graças do prefeito ao brigar dentro do partido contra a candidatura de Alckmin.

“O prefeito, muito elegantemente, diz que eu posso fazer o que eu quero (na segunda gestão). Mas como eu posso escolher alguma coisa se todas as pastas estão ocupadas? É ele quem tem que dizer (o que devo fazer)”, afirmou o secretário. “Mas eu estou tranqüilo na pasta de Esportes, temos importantes projetos, como o clube-escola. O Eduardo Paes também era secretário de Esportes e virou prefeito (do Rio).”

COLABORARAM BRUNO TAVARES, RODRIGO BRANCATELLI, PEDRO VENCESLAU E ROBERTO FONSECA

COM A BÊNÇÃO DO TUCANATO

PCC fatura R$ 2 milhões por mês com tráfico em presídios

Comércio ilegal dentro de presídios é mais seguro que tráfico nas ruas, sujeito a constantes apreensões

Josmar Jozino - Jornal da Tarde

SÃO PAULO - As mais seguras e rentáveis biqueiras (pontos-de-venda de drogas) do Primeiro Comando da Capital (PCC) funcionam nas penitenciárias paulistas e não nas ruas, onde as blitze policiais são constantes e os prejuízos, quase diários. Documentos da contabilidade da facção criminosa apreendidos pelo Ministério Público Estadual (MPE) comprovam o lucro da organização. O grupo fatura no mínimo R$ 2 milhões com o tráfico dentro dos presídios.


Segundo as documentações do MPE, apreendidas em 2006 e 2008 com traficantes apontados como integrantes da facção criminosa, o PCC detém o monopólio da venda de entorpecentes, principalmente cocaína, dentro do sistema prisional paulista. Os registros do ano retrasado revelam que a facção distribuiu, mensalmente, pelo menos 130 quilos da droga em 36 das 144 unidades prisionais do Estado. Já a Polícia Civil estima que o PCC passou a comercializar 200 quilos de cocaína por mês nos presídios paulistas, a partir de 2003, quando o tráfico se tornou o principal "negócio" da organização. Conforme cálculos do Departamento Estadual de Narcóticos (Denarc), 1 quilo da droga custa R$ 10 mil no varejo.

Outra documentação apreendida este ano com integrantes do PCC em presídios paulistas aponta uma margem de lucro ainda maior: R$ 2,2 milhões/mês. De acordo com a contabilidade da facção, em apenas um dia, 7 de julho, o grupo movimentou R$ 73.642,00 com o tráfico de drogas em 15 presídios do interior, a maioria no oeste do Estado e na região de Campinas.


O promotor de Justiça José Reinaldo Carneiro, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), vai além: diz que não dá para calcular a movimentação de drogas dentro das cadeias. "É impossível fazer o cálculo, tanto da arrecadação com o tráfico quanto da comercialização de drogas." De acordo com o MPE, a facção utiliza telefones celulares para controlar o monopólio do tráfico diretamente de seus "escritórios" instalados nas prisões paulistas (mais informações nesta página).


NAS RUAS

As estatísticas da Polícia Militar comprovam que o monopólio do tráfico sofre mais prejuízo nas ruas do que nos presídios de São Paulo. De janeiro a setembro deste ano, a PM apreendeu, em todo o Estado, 19,2 toneladas de entorpecentes, a maior parte com integrantes do PCC.


A Secretaria de Administração Penitenciária deixou de informar os números de apreensões de drogas e de celulares em janeiro de 2007. No entanto, a média mensal de apreensão de entorpecentes nas unidades prisionais, no segundo semestre de 2006, foi de 3.558 porções. Se for levado em consideração que cada porção pesa aproximadamente 10 gramas, as blitze apreenderam 35,6 quilos de drogas por mês em 143 presídios. Esses 35,6 quilos representam só 17,8% dos 200 quilos comercializados pelo PCC nas prisões a cada 30 dias, de acordo com as estimativas feitas pela Polícia Civil paulista.

O JEITO AÉCIO DE TRATAR A MÍDIA ALTERNATIVA

Aécio Neves censura imprensa em Minas Gerais
04/09/2003

Contrariando a Constituição Nacional e suas próprias palavras de "apreço e respeito pela imprensa e seus profissionais", o Governador de Minas Gerais, Aécio Neves, vem ressuscitando uma prática muito comum durante a ditadura militar no Brasil: perseguição política a jornais e jornalistas mineiros tem sido uma constante nos últimos meses. Denúncias têm sido encaminhadas à diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG), dando conta da interferência direta do governo no dia-a-dia das redações e ingerência nos assuntos internos de empresas de comunicação. Exemplos dessa interferência estão na censura de matérias do jornal Estado de Minas, censura à coluna de Cláudio Humberto, do Hoje em Dia, e demissões de jornalistas na TV Globo, Rede Minas e Rádio Itatiaia.

De acordo com o Juiz da Infância, Dr. Tarcísio Martins Costa, "matérias da Vara da Infância, que demonstravam descaso e insensibilidade do Estado não foram publicadas pelo jornal Estado de Minas, porque comprometiam a imagem do Governador. Estas matérias diziam respeito à violência, tráfico de drogas e aos cortes promovidos pelo Estado em convênios com entidades assistenciais, que comprometiam inclusive a alimentação de crianças e adolescentes." As manifestações populares de todos os tipos também têm sido boicotadas. Até o presidente da Associação dos Oficiais da PM e Corpo de Bombeiros do Estado bateu às portas do Sindicato dos Jornalistas denunciando a deturpação nas coberturas das manifestações de policiais.
Ainda seguindo os moldes do regime militar, Aécio Neves colocou sua própria irmã, Andréia Neves, para vigiar as redações dos jornais e emissoras de rádio e TV mineiras. Durante o lançamento de um projeto do Governo, na última semana de junho, Andréia Neves passou a tarde na redação da Rádio Itatiaia. Nenhum texto foi ao ar sem antes passar pelo crivo da irmã do governador. Um chefe de redação foi impedido de marcar entrevista com um sindicato. O mesmo se rebelou e pediu demissão.

Nem a poderosa Rede Globo resistiu às pressões do governador. Depois da série de matérias sobre a venda de crack a poucos metros do Departamento de Investigações da Polícia Civil, caso noticiado no Jornal Nacional, a Globo Minas teve que transferir seu diretor de Jornalismo para Alagoas, após um telefonema da irmã de Aécio para a sede da emissora.
Também por interferência do Palácio da Liberdade, o jornalista Gilberto Menezes perdeu seus programas Palavra Cruzada, na Rede Minas, e Café com Notícia, na TV Comunitária, neste último caso envolvendo interesses do PT mineiro.

O JEITO SERRA DE FAZER POLÍTICA

ACUSAÇÕES NA GELADEIRA

CartaCapital


Os caminhos que transformaram em ódio a antiga amizade de José Serra e Flavio Bierrenbach, numa trama que envolve honra e denúncias de corrupção.

Eles foram amigos desde os tempos da universidade. José Serra na Politécnica, em São Paulo, Flavio Flores da Cunha Bierrenbach, na Faculdade de Direito, também em São Paulo. Quando Serra estava em Princeton, na porção norte-americana do seu exílio, Bierrenbach o visitou. Jantaram juntos, na casa de Serra. Quando o hoje pré-candidato do PSDB à sucessão presidencial desembarcou de volta do exílio, a mão do primeiro amigo que apertou no aeroporto de Viracopos, Campinas, foi a de Flavio Bierrenbach. Outros tempos. Desde 1988, ambos não se falam, não se cumprimentam. E um processo, já prescrito, movido por Serra e contestado por Bierrenbach é uma sombra.

Os amigos começaram a se tornar ex-amigos no governo Montoro (1983 a 1987). Serra, o secretário de Planejamento. Bierrenbach, deputado federal pelo mesmo PMDB.Do que se conhece da porção social, digamos assim, da briga, tratou-se de um excesso de apetite de Serra na ocupação de espaços. A porção política e judicial é bem mais contundente.As acusações eram pesadas. Ofensivas à dignidade, reputação e ao decoro de qualquer mortal. Bierrenbach as fez num programa eleitoral gratuito, nos dias 28 e 29 de outubro daquele ano. Disse, com todas as letras: - José Serra entrou pobre na Secretaria de Planejamento do Governo Montoro e saiu rico.Ele usa o poder de forma cruel, corrupta e prepotente.Disse ainda Bierrenbach:- Poucos o conhecem. Engana muita gente. Chama-se José Serra. Fez uma campanha para deputado federal miliardária. Prejudicou a muitos dos seus companheiros.Na mais branda das imputações feitas a Serra comparou-o a Paulo Maluf: - Esses homens têm algo em comum. Uma ambição sem limites.

Uma sede de poder sem nenhum freio. E pelo poder eles são capazes de tudo. Procurador do Estado por concurso público, Bierrenbach integrara o seleto grupo de autênticos do MDB, com passagens, antes da Câmara, pela Assembléia de São Paulo.

Bierrenbach não se dedica mais à política partidária. Há dois anos tornou-se membro do Poder Judiciário. Nomeado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, é ministro do Superior Tribunal Militar (STM).As acusações de Bierrenbach em 1988 foram transmitidas pela televisão. Em horário nobre. Serra disputava a prefeitura de São Paulo. Bierrenbach falou no programa de propaganda do PFL, cujo candidato era João Leiva.

Em razão da contundência de Bierrenbach e como era da democrática regra eleitoral, Serra conseguiu o direito de resposta, com igual tempo e horário na mídia.Serra foi além. Procurou os tribunais. Alegou ofensa à sua honra. Pelo seu advogado, Mário Covas Neto, pediu a abertura de um processo penal contra Bierrenbach, cuja iniciativa era privativa do Ministério Público.Sustentou Serra haver sido caluniado, difamado e injuriado por Bierrenbach. Colocou-se como vítima de três crimes eleitorais contra a honra: calúnia, difamação e injúria.Mostrando intenção de ver o seu ofensor processado pelo Ministério Público da Justiça Eleitoral, conseguiu Serra, junto ao juiz da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, sua aceitação como assistente da acusação. Uma função de auxiliar do Ministério Público.O entendimento de Serra começou a mudar em face da reação de Bierrenbach. No processo instaurado por calúnia, injúria e difamação, o então réu Bierrenbach pediu espaço para comprovar a verdade das acusações feitas.

Frisou Bierrenbach que eram verdadeiras as afirmações e, por conseqüência, não ofendera a honra de Serra. Apresentou uma peça de defesa que, no mundo jurídico, chama-se exceção da verdade. (Pede-se a oportunidade para provar a veracidade das acusações.)A exceção da verdade foi aceita pelo então juiz da 2ª Zona Eleitoral, Wálter Fanganiello Maierovitch, que permitiu a produção de provas pleiteadas por Bierrenbach.Pretendia o hoje ministro do STM uma investigação financeira, com levantamentos nos gastos, fontes de receita e movimentações financeiras de Serra.

Serra alterou sua tese jurídica. Ressaltou que a acusação do Ministério Público deveria ser mudada. Retificada, pois apenas tinha sido injuriado, não caluniado e difamado.Outra conseqüência jurídica entrou em jogo. Segundo a lei, não cabe a exceção da verdade na hipótese de injúria. A exceção da verdade só pode ser aceita nos casos de acusações por calúnia e difamação.Pela ação da defesa de Serra, o opositor Bierrenbach não mais poderia tentar comprovar o que via como verdade em suas afirmações nem realizar uma devassa financeira. O processo da 2ª Zona Eleitoral mostra que o então juiz Maierovitch manteve sua posição de acolhimento da exceção e destacou que a decisão final caberia ao Supremo Tribunal Federal, pelo foro privilegiado de Serra, que era deputado federal. Teve início, então, uma nova fase da batalha judiciária, com Serra contratando advogados renomados, como Marcio Thomaz Bastos e Arnaldo Malheiros. Da parte de Bierrenbach, também um advogado de peso e renome, José Roberto Leal.A defesa de Serra buscou uma liminar em mandado de segurança, junto ao TRE. Para transformar em injúrias os anteriores enquadramentos legais - calúnia e difamação - sob a alegação de erros do juiz e da promotora.

A liminar foi concedida pelo presidente do Tribunal Eleitoral, desembargador Carlos Ortiz, em 18 de maio de 1993. Perduraria até o julgamento do mérito do mandado de segurança e, na prática, interrompeu o andamento da exceção da verdade. O caso Serra-Bierrenbach ficou sem solução. Os alegados crimes prescreveram.Tempo demais se passou para o TRE apreciar a controvérsia. Aliás, foi impedido de apreciar o tema principal em razão da prescrição.Procurados por CartaCapital, os funcionários da Justiça Eleitoral não comentaram o atraso.

Sugeriram que se pedisse certidão a respeito do tempo que o processo ficou na posse do juiz Francisco Prado de Oliveira Ribeiro, que é o atual secretário de Estado da Habitação do governo de São Paulo. Integra o governo Covas desde julho de 1998.Prado não era juiz de carreira. Representava, perante o Tribunal, a classe dos advogados-juristas, chegou a ser reconduzido ao cargo para um segundo mandato.Alguns bombeiros entraram em ação à época. Entre eles, políticos, Almino Afonso. Serra, quando da indicação de Bierrenbach para o STM, não tentou torpedeá-la. Os ex-ministros e amigos de ambos, José Carlos Dias e José Gregori, atuaram nos bastidores.Serra, 60 anos, Bierrenbach, 62, têm muitos amigos em comum. De quando em quando, em jantares, reuniões, festas nas casas desses amigos, um se depara com o outro. É um momento de constrangimento, relatam próximos dos dois.Eles não se falam, sequer se cumprimentam. Muito menos tocam, com ninguém, na pá de cal da amizade. Serra, um dia, em meio à tempestade, escreveu uma carta para Bierrenbach. Este escreveu outra carta para Serra. Ambas as cartas, duríssimas. Esse foi o último gesto de ligação entre os ex-amigos.


Bierrenbach, procurado por CartaCapital, apenas confirmou a existência do processo hoje prescrito. E só disse uma frase para publicação:- A única possibilidade de conversa civilizada que eu tenho com José Serra é o silêncio.

http://www.terra.com.br/cartacapital/189/destaque.htm

O SANGUESSUGA MOR