sábado, 23 de maio de 2009

Serra usa verba do governo federal para propaganda


19/05/2009

Por: Gustavo Pinchiaro (abcdmaior.com.br)


O governador José Serra (PSDB) está assumindo a paternidade dos investimentos feitos pelo governo federal no Hospital Municipal Nardini de Mauá. Cartas, assinadas pelo tucano, com o título de ‘Pesquisa de Satisfação’, têm sido enviadas a pacientes que estiveram internados no Nardini, informando o valor investido pelo SUS (Sistema Único de Saúde) na estadia do cidadão. Entretanto, o investimento a que Serra se refere vem do Ministério da Saúde, do governo federal, direto para administração municipal.

Na correspondência, Serra adota uma linguagem bem próxima do paciente, explicando que o Hospital Nardini é conveniado ao SUS (Sistema Único de Saúde) e também identificando o valor gasto pelo governo, “pago com impostos”, no atendimento ao paciente: R$ 48,89. Em visita recente ao ABCD, Serra negou publicamente o pedido de auxiliar o financiamento do Nardini junto à prefeitura. “O prefeito Oswaldo (Dias, PT) que pegue seu chinelo e vá matar as baratas do Nardini”, disse à ocasião.

De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde, desde 2007 foram investidos R$ 2,450 milhões no Nardini. Envolvendo todos os gastos, o Nardini custa R$ 5 milhões por mês aos cofres municipais, de acordo com o secretário de Saúde e vice-prefeito da cidade, Paulo Eugenio Pereira. O que comprova que o repasse do governo Estadual em três anos não bancou nem um mês de funcionamento do Nardini. O Ministério da Saúde é quem faz o grande investimento do SUS em hospitais municipais: só no mês de março, repassou R$ 1.771.557,65 para atendimentos de média e alta complexidade e ambulatoriais.

A ‘Pesquisa de Satisfação’ também questiona detalhes como se foi cobrado algum valor pelo atendimento, o tempo de demora, avaliações do local de atendimento e dos profissionais e se o paciente realmente esteve internado. De acordo com a assessoria do governo, essa carta é chamada de provão do SUS e realizada todo ano para balancear a atuação dos hospitais conveniados ao SUS.

Campanha Antecipada - O tucano é apontado como o provável candidato à presidência e deve disputar o cargo com a ministra chefe da Casa Civil Dilma Roussef (PT). Na avaliação do médico da rede pública de São Bernardo e conselheiro de Saúde, Nelson Nisenbaum, a prática não acrescenta nada ao sistema de saúde e pode ser caracterizada como campanha eleitoral antecipada. “Ele começou com essa prática quando era ministro da Saúde na gestão FHC. Não sei qual é o canal que ele procura, mas isso é extremamente inapropriado e inadequado. O cidadão fica se culpando por ter custado tantos reais ao Estado. É uma campanha eleitoral antecipada”, avaliou Nisenbaum.

O ex-secretário de Saúde de Santo André, Homero Nepumuceno, explica que a participação do Estado no financiamento de hospitais municipais é inexpressiva, representando no máximo 3% da receita. “Ele devia citar que o repasse parte do governo federal e não deixar nas entrelinhas que o investimento é do Estado. É uma campanha com o chapéu do presidente”, disse Homero.

Os investimentos feitos pelo SUS, de acordo com Homero, são baseados na média de atendimentos dos Hospitais, mas não significa que vão custear todos atendimentos. “Você não recebe por produção, os investimentos aqui na Região representam 30% do total. O restante é feito pelas prefeituras. A grande parte desses investimentos é feita pelo Ministério da Saúde. A ajuda do governo estadual é pontual e pode vir por meio de emendas parlamentares”, completou. Sobre a pesquisa, o ex-secretário acredita que ela possa ter um efeito para analisar a eficiência dos hospitais, mas deveria ser repensada. “O argumento do Estado é muito fraco. Eles dizem que fiscalizar o sistema é o papel deles. Tudo bem, mas por que não dizem que o investimento é federal?”.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Os livros de Serra: 2 Paraguais, 10 palavrões e 0 educação



20 DE MAIO DE 2009


Ladeira abaixo, assim caminha a Educação em São Paulo. A sucessão de desparates políticos, pedagógicos e estruturais parece não ter fim. Os números de horror protagonizados pela administração tucana são intermináveis. O mais novo episódio foi a aquisição do livro Dez na área, um na banheira e ninguém no gol para o programa Ler e Escrever destinado aos alunos do ensino fundamental.



Por Renata Mielli, em seu blog Janela sobre a Palavra


Capa do livro distribuído O livro, uma coletânea de histórias em quadrinhos assinadas por quadrinistas renomados, que conta com o prefácio do craque de futebol Tostão e introdução do escritor e roteirista José Roberto Torero, está muito longe de ser destinado ao público infanto-juvenil e, muito menos, como material de apoio didático.

Suas histórias falam de futebol com a liberdade temática e de expressão que movem os apaixonados pelo esporte, ou seja, envolvem palavrões, situações de violência e de verborragia sexual. É um livro para adultos.

Na avaliação da Secretaria Estadual de Educação o erro - como foi classificada a compra dos livros - não foi tão grave, uma vez que este é apenas ''Um título entre 818 que foram adquiridos pelo programa, e os 1.216 exemplares da obra representam ''0,067% do 1,79 milhão de livros colocados à disposição das crianças'', segundo nota da Secretaria. O equívoco foi minimizado, ainda, pelo fato de se ter percebido rapidamente que o conteúdo era inapropriado, permitindo o pronto recolhimento dos livros.

A questão que deveria ser colocada em debate não é o ''erro'', pontual ou não, da aquisição do livro inadequado ou, ainda, a impressão de cartilhas com dois Paraguais no mapa, mas sim ir a fundo na discussão da metodologia de trabalho da Secretaria Estadual de Educação, no treinamento dos profissionais responsáveis pela definição do material didático e de apoio, no processo de formação dos professores da rede, o investimento em novas tecnologias e infraestrutura para modernizar a rede e tornar o ensino mais atrativo.

Para se eximir do problema, a Secretaria informou, também em nota, que abriu sindicância interna para apurar quem foi o responsável pela compra dos livros. Ora, responsabilizar um funcionário não vai solucionar um problema que se alonga há mais de uma década e que está enraizado na concepção que este governo tem da Educação pública - um serviço que deveria ser terceirizado ou privatizado.

Essa é a visão que perpassa toda a política educacional que vem sendo aplicada no estado de São Paulo, desde que o PSDB assumiu a administração. Maquiagem de estatísticas com a criação da Promoção Continuada, que já foi altamente questionada e denunciada pela sociedade como sendo, na prática, uma aprovação automática, que aprova alunos sem o domínio mínimo dos conteúdos, semialfabetizados.


Falta de professores, salários defasados, falta de equipamento escolar adequado, falta de escolas, e um rosário sem fim de ausências que poderia ser desfiado ainda por muitas e muitas linhas.


Que mais esse episódio sirva de estímulo para a sociedade exigir uma mudança de postura do governo paulista diante de um grave problema social de nosso estado.




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